MARGEM DO RIO RABAÇAL - OUTUBRO 2007

MARGEM DO RIO RABAÇAL
Ponte Romanna de Possacos - acesso a Gergoço - local de pernoita - regresso ao acesso a aldeia de Gergoço
Data: 4 e 5 de Outubro de 2007
Distancia Percorrida: +- 28km (D1- 16km D2- 12km)
Altitude: sempre a rondar os 35o metros
Horario: 8h (2 Dias)
Dificuldade: INCIDENTE
Localização: Margem do rio Rabaçal (Valpaços)
Trekkers: Carla e Miguel
MAPA DO PERCURSO FEITO

....APANHADOS PELA NOITE ....
Foi no dia 4 de Outubro de 2007 que aconteceu este incidente e depois de muitos km de montanha bem mais complicada que a margem do rio Rabaçal. Como não tinha ido aos picos durante esta semana fui á descoberta de novos sítios perto donde vivo. Eram quatro da tarde, sol e uma paisagem do melhor quando iniciámos a nossa caminhada na ponte romana que atravessa o rabaçal perto de Possacos, Valpaços. Estava a correr na perfeição sem planos e com recolha garantida pelos meus pais que andavam de passeio pela região. Também a confiança se apoderou de nós, ou melhor, de mim; afinal era eu que tomava as decisões. Andámos hora e meia e já estávamos junto a uma saída que dava para recolha. Entretanto, encontrámos um pescador que nos disse que até Rebordelo seriam dez a doze km; foi então que tomei a decisão errada de continuar porque já eram quase seis da tarde. Sem conhecer o local nem ter mapas ou qualquer informação decidi arriscar, inconscientemente. Continuámos a caminhada pensando que ás 8 horas estaríamos em Rebordelo. Percurso fácil sem desníveis, até ao km 12; aí começou a desaparecer o trilho e a aparecer pequenos troços. Pensando que só faltavam 3 ou 4 km decidi continuar porque voltar seria mais longe.O trilho começou a tornar-se quase impraticável, andando nos aos ziguezagues para contornar as pequenas falésias escorregadias devido á chuva do dia anterior. Chegou a noite num abrir e fechar de olhos e vimo- nos encurralados numa falésia com cerca d e 10 a 15 metros de altura e já não demos com o acesso para sair dali. Com a noite era perigoso andar naquelas rochas escorregadias. Quase no limite do pânico, durante uns minutos sentei me e pensei qual seria a melhor solução. Pela primeira vez e depois de várias decisões erradas tomei a decisão certa que era pernoitar ali. Foi das coisas mais incríveis. Não tinha levado água nem casaco pois pensei que iria apenas fazer uma caminhada de reconhecimento do local. Não tínhamos comida a não ser umas uvas e uns marmelos que apanháramos pelo caminho.Tinha isqueiro e telemóvel. Por sorte, tínhamos rede no pouco espaço que nos encontrávamos e com alguma dificuldade lá conseguimos contactar os meus pais e dizer lhes que a recolha só seria feita para o dia seguinte.. que íamos dormir ali … A noite tornou-se escura. A lenha para o lume estava a ser racionada pois não havia muita porque o local onde fiquei era pequeno e não se via nada. Sentia-me preso e impotente perante tal situação. Eram nove horas e eu já olhava para o relógio de dez em dez minutos pensando que tinha passado uma hora. Comemos as uvas e um marmelo para enganar a fome e a sede. Tentávamos dormir mas não conseguíamos. O frio apoderou se de nós porque o lume era cada vez mais fraco. Mas as horas lá foram passando entre pôr lenha, tentar dormir e tremer de frio. Depois de muito esperar, ás sete da manha lá se fez dia. Foram onze horas intermináveis. Optamos por regressar pelo mesmo caminho porque não queríamos arriscar mais. Reiniciamos a caminhada de estômago vazio e ainda sedentos, ansiosos por chegar as videiras donde recolhêramos as uvas no dia anterior. Quando chegamos ás uvas logo ao lado estava uma figueira com os melhores figos que já comi ainda cobertos pelo orvalho. Eram 9 horas quando terminou esta nossa aventura.

A FOGUEIRA QUE NOS AQUECEU DURANTE TODA A NOITE

ALGUMAS FOTOS DO 1º DIA

MANHA DE DIA 5 DE OUTUBRO DE 2007